Poucos sabem, mas Dom Marcel Lefebvre foi um grande caluniador de São João Paulo II.
Em 1990, mesmo sabendo que o Papa havia experimentado pessoalmente o terror comunista e que sua atuação corajosa contribuiu para a derrocada do socialismo em sua pátria e no leste europeu, Lefebvre não hesitou em acusá-lo de “político filo-comunista a serviço de um governo mundial.”
Disse ainda que o Papa “atacava abertamente todos os governos anti-comunistas, e não levava nenhuma renovação católica em suas viagens”. (Fonte: Dom Marcel Lefebvre. A vida espiritual segundo São Tomás de Aquino na Suma Teológica. Editora Permanência, 2002, p. p. 12)
Postura desordenada e abominável de Dom Lefebvre, registrada com todas as letras num livro sobre a vida espiritual! Tais afirmações são mentirosas, injustificáveis e facilmente refutáveis à luz dos fatos históricos.
O Papa pôde conhecer os males do comunismo por dentro. Ele viveu durante três décadas – de padre a cardeal – sob o governo comunista da Polônia. Também perseverou publica e privadamente em sua oposição ao sistema soviético.
Para vocês terem uma ideia, um relatório da KGB sobre a atividade do Vaticano durante o Pontificado de João Paulo II nos Estados socialistas, comunicando aos serviços dos “países irmãos’, assinalou o caráter ameaçador da obra da Igreja para a estabilidade socialista: “Atualmente, a tarefa principal da política externa vaticana consiste em reforçar o papel da Igreja católica no interior da vida política e social dos Estados socialistas e transformá-la num poder real em condições de influenciar a política interna e externa desses Estados. (Cf. J.O. Koehler, Il libro che il Vaticano non ti farebbe mai leggere, Roma, 2009, p. 145).
Quando a jornalista italiana Oriana Fallaci entrevistou Lech Walesa em Varsóvia em 1981, o líder do Solidariedade confirmou o papel desempenhado pela Igreja e pelo Papa na Polônia: “Sem a Igreja nada teria acontecido e eu próprio não teria existido, ou não seria o que sou. Digo mais: se eu não fosse um crente sincero, nunca teria resistido a tantas ameaças. […] Para nós, poloneses, a Igreja é um símbolo de luta. Ela nunca se submeteu aos opressores.” A entrevista foi publicada pela Revista Manchete na edição de 4 de abril de 1981 e pode ser conferida aqui:
http://memoria.bn.br/docreader/004120/200760.
Por Daniel Fernandes
(*) Este texto foi extraído do Facebook sem a revisão do autor