Abusos litúrgicos no tempo de São Francisco de Assis:
No tempo de São Francisco de Assis, as celebrações eucarísticas estavam expostas a numerosos abusos e práticas supersticiosas. Por ganância, muitos padres celebravam diariamente várias missas, no intuito de alcançar maiores estipêndios financeiros ou agradar certos poderosos […]
Em várias ocasiões, rezavam as chamadas missas secas, que consistiam em celebrações nas quais o oficiante só recitava o ordinário da missa, sem qualquer intervenção da assistência, e sem proceder à consagração. Missas sem eucaristia, para maior despacho. Excluía-se o ofertório, a consagração e a comunhão. […] Alguns sacerdotes eram absolutamente preguiçosos na preparação de tudo a respeito da celebração. […] Chegou a se propagar a ideia de que os leigos também podiam consagrar a eucaristia. […] Com a ideia de corrigir a distorção gradual da celebração eucarística, Francisco argumentava que apenas o sacerdote consagrado podia celebrá-la em virtude de do poder conferido pela Igreja para realizá-lo. […] O próprio Francisco, em carta autografada sobre a Eucaristia, localizada no Arquivo Municipal de Saragoça, expõe o descaso de muitos sacerdotes na celebração eucarística.
(Cf. Javier González Torres, La capilla sacramental en el Barroco andaluz: espacio, simbolismo e iconografia. Tesis doctoral. Universidad de Málaga, 2015/2016)