A Verdadeira liberdade de consciência do Concílio Vaticano II se funda em Saint John Henry Newman
Nesta carta [de Newman ao Duque de Norfolk], que na verdade é um livro, Newman se opõe antes de tudo àqueles que apoiam um falso conceito de consciência: “por direitos de consciência entendem o direito de pensar, de falar, de escrever, de agir, como quiserem, sem se darem ao luxo de pensar em Deus. Alegam não ser obrigados a agir de acordo com nenhuma lei moral; pedem o que lhes parece ser prerrogativa de todo bom inglês, ou seja, o direito, para cada um, de ser dono de si mesmo em todas as coisas, de professar o que deseja e o que lhe agrada”.
O conceito de consciência de Newman é diferente: ela não exclui, ao revés, implica uma referência a uma lei superior que, no entanto, não se torna uma norma concreta da conduta humana a não ser por meio da própria consciência. Daí decorre que nunca é lícito agir contra a consciência: “ela – Newman escreve novamente – é um mensageiro que vem dAquele que, tanto na natureza como na graça, nos fala como que por um véu, e nos ensina e nos guia por meio de seus representantes. A consciência é um vigário nativo do Cristo, um profeta em suas informações, um monarca em suas ordens, um sacerdote em suas bênçãos e anátemas; e ainda que o sacerdócio eterno que se encontra encarnado na Igreja pudesse deixar de existir, na consciência permaneceria o princípio sacerdotal e dominaria”.
Agora, exatamente o que o Papa condenou em “Quanta cura” e no “Syllabus” é a falsa concepção de consciência, não a verdadeira, razão pela qual Newman acrescenta, “se o Papa falasse contra a consciência, tomada no verdadeiro significado da palavra, ele cometeria um verdadeiro suicídio. Ele cavaria sua sepultura sob seus pés. É sua missão proclamar o império da lei moral e proteger e fortalecer ‘aquela luz que ilumina todo homem que vem a este mundo’. Sobre a lei da consciência e sobre seu caráter sagrado se baseiam tanto sua autoridade em abstrato, como seu poder em concreto”. E conclui o capítulo dedicado a este tema: “Eu gostaria de acrescentar mais uma observação. É certo que, se eu fosse forçado a fazer um brinde à religião após o almoço — coisa que, em verdade, não parece que deveria ser feito —, eu brindaria ao Papa sim, se lhe apraz, mas primeiro à minha consciência, e depois ao Papa”.
La libertà religiosa, Pietro Scoppola. Pág. 555.