Assim, Pio XII não hesita em escrever [em Mediator Dei] que os elementos humanos da liturgia «podem sofrer várias modificações, de acordo com as necessidades dos tempos, coisas e almas, e que a hierarquia eclesiástica, fortalecida pela ajuda do Espírito Santo, os terá aprovado». Ele relativiza com grande sabedoria a qualidade superior que alguns gostariam de atribuir aos costumes mais antigos e conclui que não seria sábio “nem louvável voltar tudo, em toda matéria, à Antiguidade”.
Quem sabe ler compreende que a porta está aberta à restituição de certas regras antigas, mas que o discernimento não pertence aos sábios e nem aos pastores locais, mas à Sé Apostólica. Ele apresenta a língua latina como «um sinal de unidade manifesta e brilhante e uma protecção eficaz contra qualquer corrupção da doutrina original» e admite imediatamente que “em muitos ritos, contudo, o uso da linguagem vulgar pode ser de grande benefício para o povo”. No entanto, ele recorda imediatamente que esta concessão depende da Santa Sé.
Les déplacements et les accentuations voulus par le concile Vatican II, Éric de Moulins-Beaufort, Dans Revue d’éthique et de théologie morale 2012/4 (n°272)