A Constituição sôbre a Liturgia não diz nada acêrca da colocação do altar. A Instrução do Consilium diz que, nas igrejas novas ou reconstruídas, o altar esteja separado da parede, de maneira que possa celebrar-se de frente para o povo. Mas não há nenhuma disposição que obrigue a ter o altar ou a celebrar de frente para o povo. Ainda mais: na própria Roma e em outras dioceses, necessita-se de permissão da autoridade competente para mudar a posição do altar. A celebração de frente para o povo, diz o Cardeal Lercaro na carta mencionada, “é a mais conveniente sob o aspecto pastoral”. Mas – acrescenta – “cumpre-nos frisar que a celebração de tôda a Missa de frente para o povo não é absolutamente indispensável para uma ação pastoral eficaz”.
JOSÉ RICART TORRENS, O QUE O CONCILIO NÃO DISSE, HORA PRESENTE, SÃO PAULO, 1969, pág. 100.
Comentário de Padre Sergio Muniz:
Não houve uma determinação geral nesse sentido. A coisa mais proxima disso foi a determinação de que nas igrejas a serem construidas dali em diante, o altar não fosse junto à parede “de modo que se possa circundar”. Não há nenhuma menção à obrigatoriedade de se celebrar “versus populum” a partir da reforma. Obviamente isso foi favorecido na prática. Mas o proprio Missal Romano deixa aberta a questão quando mantém as rubricas que dizem ao sacerdote para voltar-se para o povo exatamente nos mesmos lugares em que, na Missa tridentina, o sacerdote gira ficando de costas para o altar e de frente para o povo, dirigindo-lhe a palavra para, logo em seguida, completar a volta e novamente colocar-se de frente para o altar.
A manutenção dessas rubricas no atual Missal supõe a posição “orientada” ou “versus Deum”, sem o que não fariam sentido. Por isso mesmo o Card. Sarah, Prefeito da Congr. para o Culto Divino, pontuou essa possibilidade.De mais a mais, enquanto aqui no Brasil geralmente se acrescentou um altar ao presbitério das igrejas antigas com altares versus Deum, na Europa, por exemplo, sempre foi bastante comum depois da reforma conciliar serem usados os altares antigos em igrejas que os possuem. Por outro lado, o uso antiquissimo das basílicas romanas, a planta do presbitério de outras igrejas muito antigas e ilustrações (iluminuras, entalhes…) do séc X (cerca) e anteriores atestam o uso a Missa versus populum.