“A tradição medieval havia valorizado os sacramentos como instrumentos que permitiam à Igreja comunicar a graça adquirida por meio da redenção. Esta abordagem levou a uma ênfase dupla. Por um lado, a concentração nos gestos e palavras sacramentais, bem como no papel do ministro na administração dos sacramentos, tendia a uma espécie de ” pontualismo ” que privilegiava o momento do sacramento, isolando o ato sacramental do conjunto da vida cristã. Por outro lado, os sacramentos eram pensados principalmente como um “meio” de comunicar uma graça específica a uma dada pessoa, uma comunicação na qual a Igreja era a instância dispensadora. Estes dois aspectos levaram a um déficit na dimensão eclesial da economia sacramental.
O Vaticano II abriu novamente a reflexão descentralizando a perspectiva para dar lugar a uma pluralidade de efeitos: os sacramentos são de fato “ordenados à santificação dos homens”, mas também à “edificação do Corpo de Cristo” e, finalmente, “ao culto a ser prestado a Deus”. Em outras palavras, como João Paulo II assinalou em relação à Eucaristia, os sacramentos “edificam” a Igreja e não são apenas um meio de conferir a graça às pessoas”.
Théologie sacramentaire et célébration du mystère du Christ dans l’année liturgique :Une approche, Patrick Prétot, Dans Recherches de Science Religieuse 2009/4 (Tome 97)