Ao percorrer o caminho do diálogo ecumênico e até inter-religioso, a Igreja Católica jamais quis “promover o erro ao mesmo nível da verdade”. Tal afirmação é um espantalho criado pelos tradicionalistas radicais e lefebvristas.
O Papa São Paulo VI, na Audiência geral de 19 de janeiro de 1966, insistia na necessidade de “promover o ecumenismo na integridade da doutrina”. Na Audiência geral de 21 de janeiro de 1970, Paulo VI abordou novamente o tema do verdadeiro ecumenismo e questionou as vãs e mesmo prejudiciais tentativas abusivas e conformistas em favor de uma fictícia unidade.
O Papa esclareceu que o verdadeiro ecumenismo é “pela reintegração, na única Igreja instituída por Cristo, de todos os cristãos, que têm a honra e a responsabilidade deste nome, mas que ainda se encontram subdivididos em tantas fracções e separados entre si e da comunhão com a Igreja”; criticou “o ecumenismo moderno acatólico”; apontou o princípio do livre exame e a negação do magistério católico como obstáculos ao ecumenismo autêntico; reafirmou o carisma petrino; negou a possibilidade da intercomunhão; deixou claro que o objetivo do empenho ecumênico é, de fato, “a reconciliação e reintegração dos irmãos separados na única Igreja”.
Em relação ao diálogo inter-religioso (Cf. Exortação Apostólica Evangelii Nuntiandi), ele esclarece que a estima e o respeito para com religiões tradicionais, por causa das sementes do Verbo, não era motivo para calar o anúncio de Jesus Cristo: “Pelo contrário, a Igreja pensa que essas multidões têm o direito de conhecer as riquezas do mistério de Cristo, nas quais nós acreditamos que toda a humanidade pode encontrar, numa plenitude inimaginável, tudo aquilo que ela procura às apalpadelas a respeito de Deus, do homem, do seu destino, da vida e da morte e da verdade. Mesmo perante as expressões religiosas naturais mais merecedoras de estima, a Igreja apoia-se sobre o fato que a religião de Jesus, que ela anuncia através da evangelização, põe o homem objetivamente em relação com o plano de Deus, com a sua presença viva e com a sua ação; ela leva-o, assim, a encontrar o mistério da paternidade divina que se debruça sobre a humanidade; por outras palavras, a nossa religião instaura efetivamente uma relação autêntica e viva com Deus, que as outras religiões não conseguem estabelecer”.