“O primeiro e mais conhecido documento do Magistério eclesiástico contra a liberdade de consciência, a “Miravi vos”, de Gregório XVI, de 1832, chamando-a de um “delírio”, rejeita-a e condena-a por descender da “fonte muito corrupta do indiferentismo”. Os historiadores sabem que o objetivo daquela condenação de Gregório XVI era de fato impróprio, porque o condenado, Lamennais, por sua vez, tinha gasto energia e inteligência no famoso “Ensaio sobre a indiferença” para demonstrar os fracassos do indiferentismo (um sábio – Frayssinous tinha dito – que “despertaria um morto”, tal era a carga de convicção que o animava), e não tinha abandonado essa convicção mesmo depois da sua chamada virada católica liberal de 1830. As razões da condenação, como é bem sabido, eram complexas e certamente não faltaram as pressões das chancelarias europeias, preocupadas com as possíveis repercussões políticas das novas ideias que vinham da França”.
La libertà religiosa, Pietro Scoppola, pág.551-552.